07/05/2014 | 18:51 – Atualizado em: 07/05/2014 | 18:50
Pressionado pelo fraco desempenho do segmento automobilístico, setor conta ainda com extração e refino de petróleo e gás para crescer
Priscilla Arroyoparroyo@brasileconomico.com.br
Concorrência com importados, renda comprometida, fim de incentivo fiscal no IPI, inflação e juros dificultaram o desempenho da atividade industrial do Brasil em março. O setor apresentou queda de 0,5% na comparação com fevereiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi pressionado principalmente pelo setor automobilístico. Entretanto, o refino de petróleo impediu que o resultado fosse pior. A produção do segmento cresceu 4,3% no mesmo comparativo e deve garantir que a produção industrial termine o ano no azul. A consultoria LCA prevê alta de 1,7%.
“O refino, que na comparação anual avançou 5,4%, foi a maior contribuição positiva para a indústria em março. Esse grupo significa mais de 10% da produção industrial. A extração de petróleo e gás também cravou avanço no mês. Ambos tendem a ter uma evolução positiva em 2014 e devem ajudar a indústria a crescer”, disse o economista da LCA Rodrigo Nishida. Para o economista , a extração e o refino de petrólo não são prejudicados pela política monetária restritiva em comparação ao restante da indústria, que vive uma fase de estoques elevados e de baixa confiança dos empresários.
No trimestre, a indústria fechou em alta de 0,4%. Segundo o gerente da pesquisa da indústria do IBGE, André Macedo, contribuíram para o resultado positivo os derivados de petróleo e os equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos. Este último acumula alta de 21,2% no ano, recorde da série histórica, impulsionado pela produção de televisores para atender à demanda criada pela Copa do Mundo.
No entanto, apesar de a atividade industrial ter crescido no trimestre, especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico analisam o dado de maneira negativa. Um dos sinais que mostram um esfriamento do setor é a retração de 0,9% dos bens de capital, afirma o professor de MBA Finanças do Ibmec Brasília José Kobori.
Perda de patamar
Para Macedo, do IBGE, a indústria fechou 2013 com clara redução no ritmo de produção ao apresentar perda acumulada de 5,3% no último trimestre. “O avanço nos primeiros meses deste ano não foi suficiente para recuperar esse resultado negativo. O saldo líquido do desempenho do setor nos últimos 6 meses é queda de 3,5% frente o patamar de que a industria operava na passagem de setembro para outubro”, afirmou.
Em janeiro deste ano, na comparação com janeiro de 2013, a indústria cresceu 2,2%. Em fevereiro, a atividade ficou estável. “A leve queda de 0,5% em março mostra um comportamento de perda da produção industrial. O número foi ruim e só não veio pior do que o esperado por conta da mudança de metodologia”, disse a gestora de renda fixa da Mongeral investimentos, Patrícia Pereira.
A projeção da LCA, feita com base na antiga metodologia,apontava para queda de 2,5% na atividade industrial em março, em compração ao mesmo período de 2013.
A mudança de metodologia teve como objetivo incluir produtos que ganharam relevância na economia, como os tablets, e mexeu em 944 produtos. O setor de alimentos continua com a maior participação, de 13,9%, enquanto o setor extrativo e de derivados de petróleo teve seu peso mais que duplicado, de 5% para 11,2%.
Fonte: Brasil Econômico