Em viagens pelas estradas brasileiras, você já deve ter cruzado com caminhões que chamaram a atenção pelo tamanho atípico da carga ou mesmo pela presença de batedores para escolta. Mas alguma vez se perguntou que carga é essa, por que está sendo escoltada e qual seria a logística por trás de um deslocamento como este?
As chamadas cargas especiais têm uma série de características relacionadas a tamanho, peso e até formato, que exigem técnicas e planejamento exclusivos. “São aquelas que oferecem algum risco durante o transporte ou exigem uma operação especial. Em geral, enquadram-se nesse cenário itens que superem os 3,20 metros de largura, 4,40 metros de altura, 40 toneladas e também os conjuntos com mais de 30 metros de comprimento”, detalha o Gestor de Planejamento da Transpes, Bruno Henrique Fernandes Reis.
E, mesmo que o objeto não tenha nenhuma dessas características, ainda pode ser considerado especial. “Isso vai depender da sua forma geométrica, dos pontos de apoio, do peso concentrado e de vários outros fatores que precisam ser analisados caso a caso”, afirma Bruno.
OS MAIORES DESAFIOS
- Pistas simples e cargas com mais de 6 metros de largura:
As pistas brasileiras têm como padrão faixas com largura de 3,50 metros. Por isso, cargas que extrapolem essas dimensões exigem providências que envolvem, até mesmo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Nesses casos, há duas alternativas: o trânsito na mão contrária é feito pelo acostamento ou, quando não há acostamento, é preciso interromper o trânsito nas duas mãos de direção, promovendo o pare e siga”, detalha o gestor.
- Altura superior a 5,30 metros:
Em situações como essa, é necessário realizar um estudo de viabilidade de todas as interferências de altura presentes ao longo da rota. Passarelas, viadutos, pontes, placas de sinalização, pórticos, arcos, rede elétrica e telefônica. Tudo que possa interferir na passagem do caminhão precisa ser analisado detalhadamente. “As alternativas incluem desvio, içamento das passarelas ou afins, desligamento da rede de energia ou suspensão dos fios e, ainda, tráfego pela contramão de direção”, explica Bruno.
- Conjuntos com mais de 30 metros de comprimento:
Em alguns casos, os conjuntos podem chegar a até 70 metros de comprimento. Para garantir que o caminhão não enfrentará problemas no trajeto, a Tranpes utiliza um software para simulação da rota. “Esse software capta imagens de satélite em escala real e, em cima desta imagem, fazemos simulações de curvatura dos conjuntos, em diferentes pontos onde a carreta possa enfrentar restrição. A partir daí, podem ser projetadas obras para abertura de ruas e estradas que permitam a passagem”, comenta o especialista da Transpes.
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PLANEJAMENTO
Além das providências citadas, outras são essenciais para garantir a segurança, viabilidade econômica e agilidade do transporte. “Primeiro fazemos um desenho da carga no conjunto transportador. A partir daí, define-se a melhor rota, considerando questões como custo, viabilidade e tempo de trânsito”, enumera Bruno.
Finalizada essa etapa, um supervisor externo percorre todo o trajeto para montagem do chamado road survey, um detalhamento da rota que inclui fotos e mapas de todo o percurso, indicação de pontos críticos, restrições, desvios e ações a serem tomadas durante o transporte. Esse mesmo supervisor acompanha a carga, desde a origem, até o destino.
Vale lembrar que cargas com mais de 5,50m de altura, 5m de largura e 100 toneladas precisam ter a aprovação de um engenheiro mecânico para circularem.
ESCOLTA
Cargas especiais precisam ser escoltadas. O número de batedores que acompanha uma carga ao longo do trajeto varia de acordo com as características do veículo e da rodovia e o credenciamento deve ser realizado junto à PRF.
EQUIPAMENTOS
Cargas especiais exigem equipamentos próprios. São eles:
- Cargas pesadas: carretas com linhas de eixos, com até 24 eixos. Este equipamento possui recurso hidráulico que permite melhor equalização do peso. Ele pode ser abaixado ou levantado, para facilitar a transposição de obstáculos.
- Cargas com peso concentrado (230 toneladas, com menos de 6 metros de comprimento, por exemplo): gôndola de distribuição de carga.
- Cargas compridas e leves: carretas extensivas, que chegam a 50 metros.
- Cargas altas: carretas lagartixas, que ficam a 660 mm do solo.
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